QUANDO O ESPELHO SE TORNA SEU INIMIGO - DISMORFIA

O que você vê no espelho é o mesmo que os outros vêem?

É realmente muito louco quando você começa a notar que pequenas "imperfeições" no seu corpo estão tomando uma proporção imensa.
É como olhar para uma espinha e pensar que o seu rosto está deformado.

"Defeitos", ou diferenças, como prefiro dizer, todos temos. Somos humanos, imperfeitos em todos os aspectos e o físico não foge desse padrão, não dá para ser 100% bom, porém, não podemos nos julgar 100% ruins, nem 99%, OK?

A dismorfia corporal está presente quando há uma preocupação e uma insatisfação exageradas com o corpo. Não é o mesmo que não gostar de um traço seu e pronto. Quem tem dismorfia transforma pequenas coisas em um problema enorme, e muitas vezes chega a viver em função disso. Nunca satisfeitas, essas pessoas, mesmo após corrigir um defeito, continuam buscando outros, incansavelmente. Pois o problema não está no exterior.

Eu tenho dismorfia, e na verdade, refletindo hoje em dia, sei que apresentava sinais disso desde criança, lembro de momentos em minha infância no qual ficava chateada pela minha aparência, isso mesmo antes dos 8 anos de idade. Acho que o que causou isso, dentre traumas da vida, foi o fato de que estou o tempo todo pensando em coisas negativas sobre mim, formando e forçando essas frases em minha cabeça, e acabo não aceitando que possa ser diferente. Meus pensamentos sobre meu corpo são sempre negativos, sempre me reduzindo à nada. E isso, com o tempo, se torna tão automático que parece normal. Assim moldamos nosso subconsciente e acreditamos que realmente somos o que pensamos, que somos mesmo ruins e que esses defeitos são mesmo inaceitáveis. Nossos pensamentos e nossas palavras são como um mantra, e tem muito poder. Quanto mais reforçamos algo, quanto mais nos focamos e mais o acreditamos, mais real ele tende a se tornar para nós. Então temos que mudar nossas auto imposições, parar de nos desacreditar, de nos desestimular. Temos que mudar nossos pensamentos para coisas positivas.

Quero e vou começar a praticar PNL (programação neuro linguística), que é um bom modo de reverter esse comportamento destrutivo. Em primeiro lugar devo parar de reparar em meus defeitos, aprender a aceitar e ignorar o que não gosto e não posso mudar. Em segundo devo mudar os meus pensamentos, tipo (vai parecer ridículo, mas tenho que fazer porque AJUDA) "sou bonita", "meu cabelo fica bom assim", "essa roupa ficou boa", "meu nariz é normal" etc, para mostrar à mim que não são coisas absurdas, são detalhes normais.
Algo que PRECISO mudar é o meu jeito de falar, quando pergunto à alguém como está algo em mim, eu sempre digo "tá muito ruim?", nunca pergunto "como está?" ou "está bom assim?". Ou como quando me elogiam, eu sempre rebato com algo negativo, se falam do meu cabelo, eu digo "nossa, sério? Então tá né...", sei que tenho que aprender a dizer simplesmente um "obrigada".

Já aconteceu de eu achar uma mulher bonita, principalmente se ela estiver com uma roupa vulgar ou um biquíni e me dar uma crise, tipo, ficar nervosa, com enjôo, ânsia de vômito e tontura, e a imagem da mulher ficar na minha cabeça por meses. Passei quase 5 anos sem pisar na praia, pois me dava crises de ansiedade só de pensar em ver mulheres de biquíni, era como algo absurdo, e também, fazem 5 anos que não sei o que é usar um biquíni, se hoje em dia vou na praia (me forcei, mas é raro, e isso que moro em uma cidade que o nome popular se tornou " praia") mas ainda assim quando vou é sempre de camiseta e short, antigamente eu conseguia mostrar a barriga, hoje nem isso. Queria perder esse pavor. Por que isso? Porque eu tenho medo de me sentir inferior, e eu sempre me sinto. Até porque ao invés de "cuidar da minha vida", eu fico reparando nas outras mulheres e me comparando com elas. Quando acho uma mulher "bonita demais" fico procurando algum defeito nela só para me consolar, tipo... Ela NÃO PODEEEE ser perfeita assim.

Minha última intenção é padronizar um ideal de beleza, até porque acho uma estupidez definir o que é bonito e o que não é, tem mulheres completamente fora dos padrões sociais e que mesmo assim são bonitas e não tem vergonha de si.

Percebi também que sempre estou inventando algo, em alguns momentos estou desesperada para deixar a minha pele melhor, e aí não passo 1 dia sequer sem aplicar algum produto ou fazer algum tratamento, sem contar que tiro mil fotos de comparação. Quando relaxo com a pele, aí fico paranóica com as estrias que tenho nos seios, e aí uso cremes, envolvo papel filme, uso massageadores e passo a semana toda pesquisando sobre o mesmo assunto. Quando não é isso, então estou insatisfeita com o meu peso e quero engordar e fazer academia para ganhar "massa", aí me foco em exercícios e em alimentação por um tempo e depois paro do nada. Ou então quero clarear as manchas das axilas e virilha, ou quero cortar o cabelo, ou pintar, ou... Qualquer coisa, eu sempre quero mudar tudo. Meu marido diz que eu nunca durmo normal, ou tô cheia de pomada no rosto, ou com o peito enfaixado, ou com uma corda na cintura (para afinar)... Ele diz "qual é a paranóia agora?"

Percebo o quão paranóica sou com a minha aparência quando comento com alguém sobre os meus "defeitos", as pessoas me olham como se fosse uma piada. E não é que eu seja perfeita, estou bem longe disso, mas o que quero dizer é que mesmo que possam existir diferenças em mim, eu dou um ênfase que não existe, tipo, o que penso é "minha pele é horrível", e na verdade ela realmente não está as "mil maravilhas", mas é uma pele normal, entendem? É NORMAL. É isso o que temos que colocar em nossa cabeça. Comecem a reparar em quem vocês admiram, ninguém é todo perfeito, só que são "defeitos" tão ignoráveis que só percebemos em nós mesmos, se começarmos a olhar para os outros, veremos que a beleza vai muito além de estar impecável.

Acabo sentindo muita inveja da aparência de outras mulheres, o que é muito feio. E quando vejo mulheres em qualquer ramo no qual precisem se encaixar nos padrões, acabo me sentindo humilhada, um lixo. E na verdade não é bem assim, cada um tem suas facilidades, suas possibilidades e também os seus limites, e eu tenho que trabalhar para ser o meu melhor, e não A melhor.

Sei o quanto isso se tornou destrutivo em minha vida, hoje vejo quantas oportunidades de ter momentos bons eu perdi, oportunidades de viver, simplesmente porque eu não conseguia enxergar que eu era capaz, não conseguia enxergar nada de bom em mim, e com isso sabotava a minha vida. Sempre achei que era culpa dos outros, mas hoje vejo que em muitos momentos eu os interpretei mal, em muitos momentos estavam demonstrando que eu era interessante e boa, e eu chegava a acreditar que estavam zombando de mim. Foram muitos anos acreditando nisso, normalizando isso. Então mesmo tendo consciência tem sido difícil pra caramba mudar. É como deixar de ser eu. Mas o arrependimento de não ter notado o problema antes faz com que seja libertador compreender o que realmente aconteceu, o que tem acontecido, pois com isso percebi que posso mudar.

Acredito que o primeiro passo seja reconhecer, reconhecer e assumir a culpa, pois assim como a culpa está em nossas mãos, a mudança também está. Podemos fazer novas escolhas. Podemos ter uma nova visão. O poder somos nós, nossas atitudes e a nossa forma de lidar com a influência que o externo (as outras pessoas, a sociedade) tem sobre nós.

"É importante lembrar que somos um todo, e não uma forma que só atrai se for perfeita"

Se tiverem o mesmo problema, sugestões ou histórias de vida, compartilhem nos comentários.

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