A MUDANÇA VEM DE DENTRO PARA FORA
Decidi falar sobre o assunto, pois não adianta de nada ficarmos melhores por fora se não nos cuidarmos internamente, inteiramente.
Quero começar dizendo que tudo o que somos e passamos é de responsabilidade nossa, cada um é responsável pela própria vida. Digo isso porque eu mesma passei muito tempo esperando que os outros mudassem para que eu pudesse melhorar, passei muito tempo colocando a minha vida, a minha felicidade e o meu futuro nas mãos dos outros, e aí estava sempre infeliz.
O corpo que temos é o nosso corpo, a vida que temos é a nossa vida, de mais ninguém. Portanto, cabe a nós mudar, cabe a nós melhorar. E o nosso bem está somente em nosso poder.
É claro que o exterior influencia, que é difícil ficar bem tento tantos problemas e tudo mais, porém nós também temos escolha de sair da vida na qual estamos, nós sempre temos escolha. E aqui ouço uma voz me dizendo "mas eu não posso sair, não posso largar tudo", e respondo: é claro que não! Nem sempre podemos nos afastar do que nos fere. Muitas vezes os problemas continuam os mesmos, a rotina continua a mesma, mas a nossa visão sobre o mundo pode mudar, e a nossa atitude com relação aos outros, também. E aí os outros mudarão conosco e a vida voltará a fluir.
Parece tolice, eu sei. Papo de livros de auto ajuda. Mas sim, funciona. Nós atraímos o que transmitimos. Como dizem "violência gera violência", isso serve também para todo o resto.
Ainda dei poucos passos nessa direção, mas quanto mais eu assumo o controle da minha vida, mais paciência tenho comigo, mais amor, mais esperança e menos desespero. E aí naturalmente trato os outros com a mesma compaixão. Entendo que a dor deles é como a minha, que estão tão perdidos quanto eu e que muitas vezes eu estou sendo tão ruim com eles quanto julgo que são comigo. Consegui, em pouco tempo, mudar o meu estresse e reduzir a minha ansiedade. Antes me desesperava, aliás, vivia desesperada e caótica, tratava à todos mal, não fugia de discussões, achava que seria "aguentar desaforos que não mereço". Hoje em dia consigo manter a calma mesmo diante de uma briga, pois percebi que o meu bem é mais importante que qualquer outra coisa, e eu não vou conseguir ajudar e nem melhorar ninguém se eu "entrar na onda", percebi que não preciso revidar uma grosseria para sobreviver à ela, e que me mantendo serena os outros se acalmam, e quando não consigo provocar melhoras nos outros, ao menos consigo me manter indiferente e não me ferir tanto quanto antes com os problemas e os estresses dos outros. Aprendi a não ser terreno alheio, descobri que não é justo deixar-me abater pelo que descontam em mim que, muitas vezes, não tem relação comigo.
É claro que ainda tenho regressos, ainda brigo, ainda me estresso e em momentos acabo explodindo. Mas consigo na maior parte do tempo me manter estável. Coisa que antes era impossível, eu estava sempre pirada com algo, sempre à beira da insanidade, sempre deprimida demais ou estressada demais. Queria morrer ou matar. Hoje o que aprendi é que tudo nos é útil, até mesmo a insanidade e a tristeza, mas que tudo tem seu tempo e precisamos encontrar um equilíbrio.
"Uma corda tensionada demais acaba se rompendo, uma corda frouxa demais não produz som algum".
Passei muito tempo tentando melhorar por fora, mas mesmo quando conseguia, procurava outro defeito, porque a real razão de estar insatisfeita não é o que eu via por fora. Ainda sou infeliz com a minha aparência, mas ao menos sei que preciso repetir todos os dias que sou dona da minha vida, que sou capaz de mudar e que nunca é tarde. Ou seja, saí da alienação, e este é o primeiro passo.
Vocês sabiam que antes de realizar cirurgias plásticas muitas clínicas pedem testes psicológicos? Porque se o problema do cliente não for só o físico, ele nunca vai ficar satisfeito com o resultado. E é assim que somos, é assim que eu sou. Sendo assim, não adianta querer mudar por fora sem antes me aceitar.
Nosso corpo é apenas o exterior de nossa essência e ele a reflete. Muitas vezes é possível saber como alguém é ou como alguém se sente apenas observando a sua aparência. Podemos perceber nos outros sentimentos que nunca foram ditos.
Particularmente, meu problema é me julgar demasiado, o modo como me visto, como falo, como aparento. Meu corpo, meu cabelo e cada minúsculo traço em meu ser, na maior parte do tempo estou pensando que não valem de nada, mas que também não são indiferentes, penso que são inconvenientes e desagradáveis. Quando converso com alguém, depois fico buscando em minha memória tudo o que disse, sempre me julgando por não ter feito melhor, por ter parecido uma idiota, por ter rido demais ou ter ficado muito de "cara fechada". Sempre acho que fui desagradável, que sempre sou.
Mas gente, isso é tão triste, odiar a si mesmo. Isso é letal. E mesmo quando alguém elogia, seja a minha aparência ou o meu intelecto, não muda os fatos. O que penso sobre mim continua sendo dominante e opressor.
E fazendo uma reflexão em mim (aqui com a ajuda da minha irmã e com um livro que estava lendo "O Trabalho de uma Vida"), comecei a perceber tudo isso, comecei a ver que quem sabotava a minha vida era eu, que quem me achava ridícula era eu e que eu era quem me fazia sofrer também. Que nada era culpa dos outros como eu pensava. Não era porque fulano tinha sido grosso ou porque fulano era melhor que eu. Era porque eu me sentia e me via dessa forma, eu me colocava nessa posição. Então assumi a culpa, e me choquei.
Comecei a parar de tratar os outros mal, pois de nada tinham culpa.
Ainda estou nessa jornada, então não vou em algum futuro parágrafo dizer "hoje sou completamente diferente", mas comecei sim a mudar algumas coisas. Mudei o meu jeito de falar sobre mim, quando pergunto sobre a minha aparência não digo mais "está muito ruim assim?", Pergunto "como está?". E também estou tentando não criticar os outros (é MUITO difícil), mas percebi que não trás bem nenhum, temos mania de falar da vida dos outros mais do que da nossa própria, na maioria das vezes em que uma turma está conversando, estão falando de alguém e não de si mesmos ou da própria vida. Sempre que sabemos algo negativo de alguém vamos logo contar, pelo simples fato de que somos sensacionalistas, gostamos de polêmicas, gostamos de falar mal dos outros, especialmente pelo fato oculto de que quando falamos mal dos outros nos sentimos superiores. Hoje tento reduzir isso, falar sobre os outros o que é necessário. E se me contam algo pessoal, eu penso "se a pessoa quisesse que os outros soubessem, ela mesma contaria", e então guardo para mim. Percebi também que se nos incomodamos tanto assim com os defeitos dos outros é porque muitas vezes é um defeito que ocultamos em nós mesmos. Porque na verdade não temos que nos sentir perfeitos para nos aceitarmos, aliás, "aceitar" é ver sem julgar, é ser nosso melhor amigo, é ver nossos defeitos e aprender a lidar com eles ao invés de recalcá-los. E com isso aprendi a compreender os outros.
As melhoras que tive com tudo isso foram a capacidade de abstrair, a paciência e a reflexão, ganhei mais tempo para mim, mais paz (o que é uma delícia), e a minha vida ganhou mais cor. Quantas vezes olhei para o céu e não vi nada. Quantas vezes chorei porque todos os dias eram cinzas. E quantas muitas outras vezes nem sequer parava mais para olhar. E depois de muitos anos nisso, pude olhar para o céu novamente e chorar por sentir a vida, por pensar "que dia lindo", por admirar as nuvens, o brilho do sol, a cor do céu, as estrelas, a lua... Quantos de nós sequer nota isso? Quantos de nós não vêem mais beleza em nada? Temos que reaprender a nos conectarmos, de dentro para fora e de fora para dentro, e a natureza e as pessoas são um acesso privilegiado à isso, fazem parte de quem somos. Que possamos cheirar as flores, SENTIR um abraço, ver as cores dos dias e encontrar um amor e um sentido em nossa existência.
E aí sim, nesse estado de plenitude, poderemos mudar o que quisermos. Mas vocês vão ver que, na verdade, muitas coisas são ótimas do jeito que são, que nós precisamos só de um pouquinho mais de amor e não de perfeccionismo para poder descobrir a felicidade.
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